Sentado, como um Buda (dicas para um bebê pélvico virar)
Maria Flor Calil
09/01/2018 08h00
Já estou no terceiro trimestre e minha gestação segue tranquila e sem percalços, exceto por um detalhe: Francisco ainda está sentado na minha barriga e não de cabeça pra baixo, como já deveria estar a essa altura do campeonato, quando passei das 32 semanas.
Tá, mas e o que isso significa?? O melhor para um parto normal é quando o bebê está de cabeça para baixo, ou no linguajar dos médicos em "apresentação cefálica". Cerca de 97% dos bebês ficam naturalmente nessa posição por que a cabeça é a parte mais pesada do corpo e "tomba".
Conheço essa história…
Julieta, minha segunda filha, só virou com 34 semanas. Ela já era bem grandinha e foi uma experiência um tanto bizarra: era um domingo e comecei a sentir uma dor na barriga que não era contração, não era cólica, era mesmo como se um alien estivesse tentando me partir ao meio, empurrando todos os meus órgãos ao mesmo tempo…
Francisco também é um bebezão, não só seus ossos são grandes como ele tem uma circunferência abdominal bem avantajada e é por isso que eu o apelidei de bebê Buda (rsrs). Na minha imaginação, ele tenta virar, mas a pança não deixa. Tadinho!
Tadinho dele e de mim: nessa posição, a cabecinha do bebê está pressionando meu diafragma e por isso fico ofegante. De vez em quando, Francisco me dá uns chutes na região dos rins também.
Ele está sentando, mas eu não!
Como quero muito ter um parto normal (já tive dois e simplesmente amo a sensação de parir, tomar um banho e querer logo partir pra outra) estou fazendo minha parte. Com obstetras experientes dá para ter parto normal com bebê pélvico, principalmente se não é nosso primeiro e os outros já foram por via vaginal, mas… sabe aquele 0,000X% de não dar certo? Pois é, não me sinto segura para arriscar.
Mas há o que fazer sim, viu? Desde 30 semanas, por orientação da minha médica, faço os exercícios da Gail Tully, parteira americana que criou o método Spinning Babies, um conjunto de exercícios para estimular a flexibilidade da pelve da mulher e facilitar a rotação do bebê, durante a gravidez e também no trabalho de parto. Por conta da minha prática de yoga, também faço algumas posturas que podem ajudar o bebê a virar.
Ainda vou tentar acupuntura e moxabustão com uma obstetriz especializada em medicina chinesa. A ideia é acionar pontos que ajudem o bebê a mudar de posição. A última cartada é a "versão cefálica externa", feita com 36 semanas de gravidez, no hospital. Nessa manobra não invasiva, o obstetra, com o auxílio do ultrassom, identifica exatamente a posição do bebê e, com as mãos na superfície da barriga da mãe, gentilmente o posiciona de cabeça para baixo.
Sem expectativas
No mais, também está rolando reza braba e muita conversa com Francisco. Durante nossas caminhadas, peço para ele virar e ficar na melhor posição para o parto normal. Já sei que cada gravidez é uma e que não adianta criar muita expectativa para o parto. O que está a nosso alcance é nos mantermos saudáveis, bem informadas e cercadas dos melhores profissionais. Dessa lista, tô ticando todos os itens!
Sobre a autora
A jornalista Maria Flor Calil, mãe da Teresa e da Julieta, e esperando Francisco, já trabalhou na TV Cultura, na Fundação Roberto Marinho e até foi dona de loja infantil. Depois da maternidade, foi abduzida pelo mundo da maternagem e editou o site da Pais & Filhos, a revista Claudia Filhos e lançou o livro “Quem Manda Aqui Sou Eu – Verdades Inconfessáveis Sobre a Maternidade”. Atualmente, é diretora de conteúdo do Aveq (www.averdadeeque.com.br) e editora de comunicações do Colégio Santa Cruz.
Sobre o blog
Começar de Novo, a música-tema do seriado Malu Mulher (exibido em 1979 e atualíssimo para as questões femininas), é inspiração para a jornalista grávida de um temporão. Um espaço para falar do lado B da maternidade, com uma dose de leveza e outra de profundidade.